sexta-feira, 10 de junho de 2011

Dom Pedro Casaldáliga: um ícone internacional em São Félix

Dom Pedro vive com simplicidade em São Félix.
(Foto: Sandra Carvalho)
Nos anos 60 e 70, São Félix do Araguaia era mais conhecida por ser um possível foco de guerrilha do que por seus atributos naturais. Era época de ditadura militar no País e a cidade abrigava Pedro Casaldáliga, um religioso espanhol que fez história por defender minorias sem medo de enfrentar o governo.

Considerado o primeiro homem a denunciar o trabalho escravo no Brasil, ainda na década de 1970, d. Pedro atraía opositores da ditadura como um ímã. Por isso, fez da cidade que escolheu para viver um alvo constante do regime. Ele próprio sofreu alguns atentados.

Hoje, o catalão nascido em 1928 é história viva. D. Pedro mora numa casa pequena e charmosa no centro de São Félix. Na varanda que dá para o quintal, ainda escreve poesias, estuda Teologia da Libertação e, sobretudo, continua a se colocar à frente de índios, grupos de sem-terra e quaisquer minorias atingidas pelos "males do capitalismo selvagem e dos latifúndios".

A aparência frágil esconde sua veemência na defesa dos mesmos ideais de outrora. Em poucos minutos de conversa, ele dispara: "Esse governo está em cima do muro com relação à reforma agrária e aos índios." O ar crítico e inconformado é o mesmo da juventude.

Mas d. Pedro acompanhou a mudança dos tempos: fala que hoje as pessoas são menos maleáveis e diz que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) já não tem a mesma força do início. Alega que ainda existe o voto de cabresto e áreas como São Félix têm muito a conquistar na questão da terra. Enquanto índios, pobres, negros e o próprio Araguaia estiverem por ali, ele diz que também estará.

História - Ingressou na Congregação Claretiana em 1943, sendo ordenado sacerdote em Montjuïc, Barcelona, no dia 31 de maio de 1952. Em 1968, mudou-se para a Amazônia Brasileira.

Foi nomeado administrador apostólico da prelazia de São Félix do Araguaia no dia 27 de abril de 1970. O Papa Paulo VI o nomeou bispo prelado de São Félix do Araguaia (Mato Grosso), no dia 27 de agosto de 1971. Sua ordenação episcopal deu-se a 23 de outubro de 1971, pelas mãos de Dom Fernando Gomes dos Santos, Arcebispo de Goiânia e de Dom Tomás Balduíno, OP e Dom Juvenal Roriz, CSSR. Foi bispo da sé titular de Altava até 1975.

Adepto da teologia da libertação, adotou como lema para sua atividade pastoral: Nada possuir, nada carregar, nada pedir, nada calar e, sobretudo, nada matar. É poeta, autor de várias obras.

Dom Pedro já foi alvo de inúmeras ameaças de morte. A mais grave, em 12 de outubro de 1976, ocorreu no povoado de Ribeirão Bonito (Mato Grosso). Ao ser informado que duas mulheres estavam sendo torturadas na delegacia local, dirigiu-se até lá acompanhado do padre jesuíta João Bosco Penido Burnier. Após forte discussão com os policiais, o padre Burnier ameaçou denunciá-los às autoridades, sendo então agredido e, em seguida, alvejado com um tiro na nuca. Após a missa de sétimo dia, a população seguiu em procissão até a porta da delegacia, libertando os presos e destruindo o prédio. Naquele lugar foi erguida uma igreja.

Por cinco vezes, durante a ditadura militar, foi alvo de processos de expulsão do Brasil, tendo saído em sua defesa o arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns.

No ano 2000, foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual de Campinas.
Apresentou sua renúncia à Prelazia, em conformidade ao Can. 401 §1 do Código de Direito Canônico, em 2005. No dia 2 de fevereiro de 2005 o Papa João Paulo II aceitou sua renúncia ao governo pastoral de São Félix. Dom Pedro foi sucedido pelo bispo Dom Leonardo Ulrich Steiner. (com Bruna Fioreti/Agência Estado e Wikipédia)

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